Liberdade realidade

A vida precisa de, pelo menos, um sonho. Mesmo, que seja um sonho bem bobo mas, que dê motivo para sorrir e chorar. Que valha uma lágrima – que seja pequenina – mas, que dê para regar a esperança. Que valha um mero sorriso, mesmo que só dê um brilho no olhar e emocione o instante. Não precisa ser um sonhão desses que não cabem no peito. Só um sonhinho para ver que a natureza procura ficar mais bela a cada flor, a cada fruto, a cada germinação.

Uma bobagem que permita brincar com criança, rir com louco, sofrer com dor, aprender com a sabedoria dos mais velhos, preservar os sentidos e acalmar os instintos – mesmo os mais permissivos -. Uma coisa branda como a chuva, frágil como o vento, suave como o mar e mansa como o fogo. Embora os antônimos não estejam excluídos.

Um sonho constante como as ondas e infinito como o rio, que vá longe como o pensamento e fique perto como o anjo-de-guarda. Não tão efêmero como o arco-íris, nem tão perpétuo como o amor.

Um sonho que permita gritar num lugar onde se imagina que ninguém lhe escute, de preferência num lugar bem deserto para que, também, se possa ver como as estrelas estão dispostas em alto-relevo no espaço.

Um sonho que inspire cantar músicas inventadas, sem nexo, com palavras esquisitas. Entoar sons estranhos e tentar imitar os pássaros. Ser chão, ser céu, ser nada, como a alegria mais simples, aquela que traz o que não buscamos e que, sem querer, recebemos. Um sonho que dê vontades esquisitas como as de libertar o ar-condicionado e abrir a TV para as pessoas saírem brincando de ilusão pelas casas.

Um sonho, que não seja uma arma e que não se seja, também, a vítima. Um que não digam, “Toma, que o sonho é teu”. Apenas, um sonho, mesmo, que faça se escrever tanta bobagem.

Uma coisa boba mas, que não seja tão boba quanto um sonho daqueles que se peça a Deus e, se fique com medo que Ele exagere.

Um sonho que brote da lama como a Lótus e renasça das cinzas como a Fênix.

Um sonho que dê para ver o brilho da escuridão e ouvir o barulho do silêncio. Que tal sonho permita pesadelos para se lhe conceder a devida importância.

Um sonho onde aumentativo de caviar não seja ovo e diminutivo de rico não seja pobre. Um que não se ganhe na loteria e nem se adquira no pregão. Que seja vasto como o Saara, vivo como o Mar Morto, estático como o iceberg e volátil como o diamante.

Um sonho que não seja dourado mas, que seja precioso. Não precisa ter nome, pode ser anônimo, de domínio público. Que se propague pelas embalagens a vácuo e pelos lugares esterilizados
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Que seja visto nos olhos, que se sinta num beijo, que provoque arrepios e que provoque suor nas mãos. Que emocione a tristeza e ela se transforme em alegria.

Um sonho precisa de, pelo menos, uma vida…