Entremeio
Entre rio e mar, água
O cruzeiro do sul, intrometida
Distância e tempo, espaço
Futuro e passado, presentes
Início e fim, infinito
Noite e dia, sonhos
Dia e noite, realidade
Nascer e morrer, vida
Dentro e fora, porta
Fada e gênio, desejo
Céu e terra, nuvens
Esperança e realidade, ilusão
A raposa e as uvas, Esôpo
Eu e você, destino
Amores, vazio
Parabéns, felicidades
Horas, ponteiros
Linhas retas, pontos
Histórias, rastro
Cáries, risos
Margens, pontes
Olhos, nariz
Pincéis, tinta
Fogo, salamandras
Estrelas, céus
Ventos, nuvens
Letras, palavras
Selvas, matas
Luzes, fios
Orações, fé
Cristo, nós
Tudo, Deus
Pensamentos, ?

Interniilista
Meu olhar apoitou na constelação mais brilhante, eu via a Láctea luz brilhar no vácuo irradiante. Desci pelo tobogã de estrelas, numa cadente embarquei. Parei nas nuvens e uma carona num raio peguei, num clarão me desmanchei. Um estrondo e eu não era mais eu, via tudo e não sentia nada, não tinha corpo, agora eu era tudo, eu não existia. Eu explodi. Via, ouvia mas, não me reconhecia. Quando eu cheguei eu não cheguei, eu ouvia mas, não havia. Eu já era a imagem da própria miragem, se eu me procurasse, não ia me encontrar. Agora sim, eu sou nada…

Aeromoças e emoção
Embarquei no vento
Nas asas de aço
Em nuvens viajei
Preso a realidade
A insignificância assumi
No vácuo rezei
O infinito é logo ali
Me encolhi
A incerteza aceitei
Como o nada é belo
O nada mensurei
Sou nada sei
Cortei o espaço
Me dividi
A distância encurtei
Onde estou?
Sobre o mar de algodão
O sonho soltei
Vi Deus de cima
Ele estava lá embaixo
Bem acima de mim…

Sob encomenda
à Maria Cristina
Era uma vez
Uma que anos fez
Queria ser musa
Coisa que poeta usa
A poesia no sono sumiu
E o poeta dormiu
Num mundo que não se sabe onde
Num lugar onde nada se esconde
Voando com a imaginação solta
Viu, o poeta, a musa em luz envolta
Não tinha, corpo, não tinha mente
Mas, lançou no poeta a semente
De uma flor de tamanha inspiração
Que no espaço se fez rima e canção
E com um cometa escreveu na face da lua
Uma poesia que Cristo diria ser sua
Era uma vez
Uma que anos fez
Queria ser musa
Coisa que poeta usa
A poesia, do sono surgiu
E a musa, o poeta viu…

Liberdade é o meu limite
Existo, voluntária ou involuntariamente
O que me limita é a Terra e tudo onde meu corpo não pode passar.
Mas, meu pensamento passa.
Passa?
Só tenho que viver.
Minha preocupação e respirar e manter meu corpo.
Tenho tudo que preciso para viver.
Ninguém me espera ou precisa de mim.
Não faço falta a ninguém e em nenhum lugar.
Não faço diferença alguma.
Posso alimentar algum animal ou fazer uma prece para alguém.
Mas, nem isso creio que seja necessário.
Sou só.
Mas, todos são sós.
Mesmo vivendo acompanhados, somos sós.
O que nos acompanha
Às vezes, são umas verdades e umas mentiras.
O resto é ilusão.
Ninguém me ama.
Posso até amar alguém mas, ninguém me quer.
Mesmo eu amando, não importa, é indiferente.
Acho que não preciso ser ou ter nada.
Posso até morrer.
Não vou fazer falta alguma.
Ninguém vai chorar por mim e nem rir, sequer.
Sou insubstituível, ninguém pode ser eu.
Viver é muito bom.
Hoje, é isso.
Amanhã, quem sabe.
Achei isso aqui dentro de mim.
Estou doando.
Se ninguém precisar.
Esqueça, não faz diferença..
Inútil. Não tem ninguém para ler isto.
Não sei se isso é plenitude ou desperdício…
