Variando

à desconhecida

A ilusão iludindo
A fantasia fantasiada
Sonhava desacordado
Que viajada!

Visão ou miragem
Realidade imaginada
Como um oásis lhe vi
Que delirada!

Bela em graça
Jóia inacabada
Insignificantemente linda
Que bajulada!

Fotografei na mente
Te dei uma filmada
Revelei meu interesse
Que fitada!

Maravilha da natureza
Flor para ser apreciada
Cai na tua beleza
Que tropeçada!

Sem querer querendo
Te elegi minha amada
Já estava até rindo
Que piada!

Armei o circo
Fiz presepada
Me enfeitei todo
Que palhaçada!

Fui até aí no alto
Ti dar uma admirada
Levei um peteleco
Que despencada!

Me olhou de esguelha
Deu uma dissimulada
Num sorriso me fulminou
Que hipnotizada!

Ligou e disse alô
Uma alegria inesperada
No peito o bumbo tocou
Que disparada!

Me chamou poeta
Deu uma embromada
Se disse minha amiga
Que escapada!

Quando estava ficando quente
Já com a arapuca armada
Levei uma ducha de água fria
Que gelada!

Doou amizade
Desconto de fada
Doou o que doeu
Que pancada!

Saiu pela tangente
Senti tua derivada
Essa reta entre nos dois
Que reprovada!

Surpreso calei
A voz espantada
O amor covarde fugia
Que cacetada!

Engoli as palavras
Muita coisa desperdiçada
Dialética da profilaxia
Que xaropada!

Deixou pra eternidade
Felicidade avariada
Na luz do firmamento
Que apagada!

Nunca vi amizade doer
Uma teoria exagerada
Como amigos em conserva
Que filosofada!

Estava com a defesa aberta
A esperança escancarada
Bateu esse vento encanado
Que traulitada!

Desarmei o querer
Dei uma embasbacada
Nem voltei a ti, cambaleei
Que porrada!

Queria um belo romance
Tipo queijo com goiabada
Ganhei um tremendo consolo
Que dispensada!

Queria sentir teu gosto
Te dar uma provada
Fiquei chupando dedo
Que sacaneada!

Fui me implodindo
Na alma uma fisgada
Quase desintegrei
Que detonada!

Queria fazer um som
Te dar uma cantada
Quem dançou foi eu
Que desafinada!

Pensando que podia
Embarcar nessa furada
Nesse rabo de foguete
Que estrepada!

Queria estar contente
Dizer coisa engraçada
Tristeza não faz rir
Que vacilada!

Passou como um raio
Estrondo da relampejada
Nem chegou a molhar
Que trovoada!

Estrela cadente
Crença desvairada
Um pedido firmei
Que titubeada!

Ah! deságua não beberei
De atiradeira engatilhada
Com o coração me acertou
Que pedrada!

Perambulando pelai
Que nem bola de pelada
Murcho de tanto levar bico
Que esvaziada!

Não nos encontramos
Despedida inacabada
Terminamos começando
Que enrolada!

Para chegar a você
Não tenho nem escada
Me joga uma corda
Que escalada!

Me fez estremecer
Deu uma desequilibrada
Me pegou na corda-bamba
Que balançada!

Em cima daquele morro
Passa boi passa boiada
E eu esperando você
Que avacalhada!

Escondido diante de ti
Dou uma disfarçada
De mim ainda não saiu
Que flechada!

Tentando te esquecer
Varo a madrugada
Teu fantasma me ronda
Que aterrorizada!

Vou sumir num passe de mágica
Não quero te ver nem pintada
Nem que a vaca tussa
Que blefada!

Se você pensa em mim
Estou de antena ligada
Eu te capto por aqui
Que sintonizada!

Depois desses adversos
De tanta asneira rimada
Achas que sou escritor?
Que nada!