à Andréia
Estou aqui de bobeira
A cabeça em ócio
Pronta pra besteira
O saco eu coço
Sentado no banheiro
Feito estátua de Rodin
Com cara de tarado
Me imaginando galã
Me mando pelo pensamento
Só para te dar um alô
Me jogo todo nesse momento
Mas, teu radar não captou
Às vezes me mando pelo correio
Outras, me remeto pelo malote
Têm vezes que pego no arreio
E vou no meu próprio trote
Ainda tem o telefone
Que nos liga por um fio
Penso com muita fome
Bom seria, se fosse pelo cio
Quando me deparo contigo
Da unha ao cabelo estremeço
Me dá uma coisa estranha
Vontade de te virar pelo avesso
Você fica ai fazendo doce
Para eu não te engordar
Para depois de alguns meses
De mamãe ninguém te chamar
Não fica ai me atiçando
Onde não posso alcançar
Se acaso você se distrair
Eu vou te estraçalhar
Vou enchendo lingüiça
De jeito, para não espantar
Quero te tirar da preguiça
Para sabonete você catar
Se embrulhe para viagem
Que vou ai te pegar
Para fazer um banquete
Na tua carne me saciar
Sou sutil como um elefante
E teimoso como um burro
Levo adiante meu intento
Te encostar contra o muro
Sonho é coisa misteriosa
Tem o que não se pode ter
E acaba tudo em pesadelo
Quando acorda e não vê
Como dizia um pseudosofo
Talvez chamado Bocage
Na vida nada se cria
Só se faz sacanagem…