Um índio incorporado
De cenho brando e sério
Um tanto atarefado
Despertando em mim, mistério
Um índio Carajá
Da tribo de Oxalá
Que na festa de Aruanã
Dançava para Tupã
Um índio sem corpo
Limpando mazela com sopro
Um charuto pitando
E curimba cantando
Vindo de um mundo feliz
Trazendo a energia divina
De emanações tão sutis
Para aliviar a nossa sina
Tinha poesia na voz
E um grande brilho no olhar
Iluminando a todos nós
Nos lembrando de sonhar
Rimava fogo, terra água e ar
Pedra, luar, raio e flor
Rio, lago, fonte e mar
Vida, sol, som e cor
Rimava homem com cruz
Até, vento com mineral
E o amor com luz
Menos, bem com mal
Rimava, faz com gratidão
Versava, ouve com humildade
Prosava, crê com devoção
Poetizava, aceita com felicidade
Elevado pensamento no infinito
Empunhando a luz divina como lança
Espantando a maldade com grito
Levando paz onde o amor alcança
Um índio guerreiro
Prisma de caridade
Caboclo de terreiro
Face da simplicidade
Eu vi uma visão
Mas, ele dizia; viu não!
É, apenas, o coração
Vibrando de emoção
Só não consegui fazer rimas
Com a claridade de suas sete penas
Pois, estão além de obras-primas
E do poeta de pretensões tão pequenas…