Basbaque

Estou aqui, entre o céu e o abismo, afogado em lembranças, querendo subir a Deus e me espalhar pela terra. Um silêncio exterior e o tumulto interno profundo, são o cenário dessas horas. existe o amor e existe a paz, vago no limiar dos dois. Não sei onde estarei no próximo instante. chamo do passado as alegrias para alegrar os meus dias. horas de benesse que me dão meu arquivo interior.

O materialismo existe, não existe ressurreição da alegria dos momentos de felicidade, apenas, um vago som de saudade. Metido dentro de meu monstro ego, que é tão pequeno mas, que causa tanto estrago.

Bandeiras me são acenadas, me chamam para um lugar que parece ser o supremo sal da vida. eu fico desconfiado, tropeço, atraso-me de propósito. Estou tão incrédulo como a nuvem que se acaba depois que chove, ou seja, deixa de existir. Ora é tudo, ora é nada.

Sou deplorável diante do bem, como um cego que vê o mar, não sabe o que está vendo. Não percebi ainda, que não sou mais cego, já posso ver, não quero ver por medo de ficar cego ou descobrir que, realmente, sou cego.

Sou tão pequeno que cada vez me escondo mais, para sumir de tão pequeno.

No meu horizonte não vejo nada, nem uma forma delineada. sei que no horizonte há alguma coisa. Não vou ao seu encontro porque, por mais que me aproxime dele, ele permanece no mesmo lugar.

Por que eu ando e ele está sempre no mesmo lugar, sempre tão longe. Fico olhando o horizonte e andando sobre mim mesmo e, quanto mais ando , ele permanece parado, lá longe.

Como resolver isto, será que terei que viver num lugar que não tenha horizonte, para não me preocupar com ele.
Às vezes dou muitos passos em sua direção ele permanece impávido, como se eu nem existisse. Nova tentativa, eu me encho de esperança, e ele nada. Fica lá e eu fico aqui. Isso é uma situação infinita pelo que durou até agora.

Estou soçobrando dentro de mim, desencanto minha esperança. Ela não se apresenta dizendo que existe. Por que todos me acenam com tudo e eu fico aqui impassível. Não tenho dor, nada a reclamar, só esse buraco na vida, esse oco na existência, que às vezes é preenchido por um eco. O eco é o amor que tenho, que sai de meu coração como pipoca, se espalhando mas, que ninguém come. Porque deve ser muito ruim.

Ofereço as pipocas e não vejo ninguém comê-las, por quê? Será que o que estou fazendo está sem sabor, e não é pipoca?