Má temática

Não existe tempo e nem distância.
Se existissem,
o lugar saía do lugar…

Fala aí

Como será que nasceram os idiomas…

Dúvida

O quê é uma pergunta diante de tantas respostas…

Náusea

O que tem de mim no bom
O que fede nas flores
O que amarga no peito
O que fere nas dores

O que o tolo tolhe
O que o bobo bebe
Está na preguiça da água
Não é coisa que o silencio quebre

Quando meu olhar bate no céu
Coração para na boca
Não há fraude na cor
A tempestade tem seu jeito…

Estilo piegas

à Beatriz

Quando, ao escavar o coração
Com a pá da saudade, encontro
Sempre o fóssil de seu amor
Que, exposto à ação de Carbono
Quatorze, leva-me a utopia
De outrora, àquele amor que era…

A fotossíntese de minha alma
Alimentada pela luz de
Teu olhar e a clorofila de
Teu beijo. Mas, a cálida flor
Não germinou seu pólen e, ante
A erosão da vida, esvaiu-se

Geólogos e historiadores
Arqueólogos e fariseus
Saibam que; nos hieróglifos
Do meu ser, existiu um amor
Que será patrimônio e acervo
Histórico de meu museu interior…

Lisistrata

Se, cada povo tivesse,
A sua Lisistrata,
não haveriam guerras…

Liberdade realidade

A vida precisa de, pelo menos, um sonho. Mesmo, que seja um sonho bem bobo mas, que dê motivo para sorrir e chorar. Que valha uma lágrima – que seja pequenina – mas, que dê para regar a esperança. Que valha um mero sorriso, mesmo que só dê um brilho no olhar e emocione o instante. Não precisa ser um sonhão desses que não cabem no peito. Só um sonhinho para ver que a natureza procura ficar mais bela a cada flor, a cada fruto, a cada germinação.

Uma bobagem que permita brincar com criança, rir com louco, sofrer com dor, aprender com a sabedoria dos mais velhos, preservar os sentidos e acalmar os instintos – mesmo os mais permissivos -. Uma coisa branda como a chuva, frágil como o vento, suave como o mar e mansa como o fogo. Embora os antônimos não estejam excluídos.

Um sonho constante como as ondas e infinito como o rio, que vá longe como o pensamento e fique perto como o anjo-de-guarda. Não tão efêmero como o arco-íris, nem tão perpétuo como o amor.

Um sonho que permita gritar num lugar onde se imagina que ninguém lhe escute, de preferência num lugar bem deserto para que, também, se possa ver como as estrelas estão dispostas em alto-relevo no espaço.

Um sonho que inspire cantar músicas inventadas, sem nexo, com palavras esquisitas. Entoar sons estranhos e tentar imitar os pássaros. Ser chão, ser céu, ser nada, como a alegria mais simples, aquela que traz o que não buscamos e que, sem querer, recebemos. Um sonho que dê vontades esquisitas como as de libertar o ar-condicionado e abrir a TV para as pessoas saírem brincando de ilusão pelas casas.

Um sonho, que não seja uma arma e que não se seja, também, a vítima. Um que não digam, “Toma, que o sonho é teu”. Apenas, um sonho, mesmo, que faça se escrever tanta bobagem.

Uma coisa boba mas, que não seja tão boba quanto um sonho daqueles que se peça a Deus e, se fique com medo que Ele exagere.

Um sonho que brote da lama como a Lótus e renasça das cinzas como a Fênix.

Um sonho que dê para ver o brilho da escuridão e ouvir o barulho do silêncio. Que tal sonho permita pesadelos para se lhe conceder a devida importância.

Um sonho onde aumentativo de caviar não seja ovo e diminutivo de rico não seja pobre. Um que não se ganhe na loteria e nem se adquira no pregão. Que seja vasto como o Saara, vivo como o Mar Morto, estático como o iceberg e volátil como o diamante.

Um sonho que não seja dourado mas, que seja precioso. Não precisa ter nome, pode ser anônimo, de domínio público. Que se propague pelas embalagens a vácuo e pelos lugares esterilizados
.
Que seja visto nos olhos, que se sinta num beijo, que provoque arrepios e que provoque suor nas mãos. Que emocione a tristeza e ela se transforme em alegria.

Um sonho precisa de, pelo menos, uma vida…

Reginianas

O som…
Amor…
Escuta…
Sentir suas mãos de preocupação massageando meu coração combalido.
Esmola o fio da faca.
Sentir seus dedos tocando o teclado como se fosse um manto secando as lágrimas que caem de minha saudade.
Como é bom sentir o que tu não diz que sente percorrendo teu coração.
E esse brilho nos teus olhos ao ver o que meus dedos fazem com sua alma, com as carícias das letras que entram por seus olhos.
Como é bom, ver essa dúvida que vagueia no rosto franzindo da tua certeza.
Sinto teu coração querendo fugir do teu peito para abraçar o meu.
E esse amor fantasiado de preocupação com a máscara de indiferença no carnaval das tuas incertezas.
Larga essa mala e volta pra casa.
Diz tua saudade.
Vai que, de repente, tu acorde e veja a chuva e o sol dançando e lembre que só eu provoco o inusitado na tua alma.
Não te chamarei mais, só escutarei tua dúvida sempre triste vagando pelo passado.
A certeza só existe onde há dúvida.
Viajar pelo imponderável e cair numa realidade incômoda, é o preço da certeza.
O palhaço fugiu do circo para alegrar a esperança.
Nada é tão bom que não precise melhorar para ser esquecido.
O amor é evasivo quando disfarçado de indiferença.
Quando o céu não conspira, tudo pira…
O amor é uma energia que só é vista quando sintoniza o canal certo.
Zapear o coração, às vezes, é necessário.
Não titubeie diante da esperança, ela é cruel e pode te pegar.
Arbitrar é julgar e, nem sempre a sentença é justa.
Tem muito réu inocente pagando pelo crime de amar.
Amanhã, tudo continuará onde não estamos.
A matéria é efêmera e o amor não, opte.
O grito oprimido assusta a calma distraída.
Meu coração ateu e teu.
Sair pelai e dar uma desamada, pode ser o caminho da razão material, e só.
Não se luta quando não se tem um adversário.
Amigos, amigos, amores à parte.
Não rola.
Vou mas, fico.
Pode espernear.
Sua pirraça pode não adiantar nada.
Você acredita nessa história?
Nem todas as coisas podem ser escolhidas.
Tudo balela.
Até a liberdade é uma mentira.
Sartre já dizia que todo ser humano é condenado a ser livre.
Isso mesmo, condenação.
Nada que ocorre pode ser livremente determinado por nós.
Atrás de tudo tem uma teia emaranhada, da qual você não se livra nunca, independente da decisão que tome.
É isso. Mais nada.
Quando tiver vontade de ler, me abra. Vai ver sua biografia.
Nem escrever mais eu posso.
Tu quer calar minha voz.
Tu quer calar meu coração.
Tu quer calar a verdade.
Acho que ainda me resta um pouco de classe…

Fugaz

Felicidade feliz
Alegria alegre
Beleza bela
Vida viva

Querer querida
Amar amada
Canto cantado
Sorriso sorrido

Esperança esperada
Bondade boa
Tanto tão
Sonho sonhado

Valeu a pena
Viver para ter te conhecido
Valeu te ter para não ser esquecido
Só não valeu, não ter sentido…

Retórica

Quem fala português não deixa dúvidas.
Já quem fala matemática, é tudo incógnita…

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